Tudo acaba no mesmo lugar

Eu poderia fazer um post sobre como é difícil entender os homens, mas isso fica para depois. Agora quero apenas dividir minhas lamentações, porque assim elas ficam menores e ganham um pouco de graça.

Conheci um rapaz – eu sempre falo que não quero conhecer ninguém, mas quando menos imagino um homem aparece na minha vida – é quase um meteoro vindo sabe-se lá de onde. Mas vem e eu não quero e depois quero mas daí o cara parece que já não quer tanto assim.

Em pouco tempo tivemos dias felizes, mas eu sou carente e SEMPRE QUERO MAIS. Diferente dele que parece que entrou num estado confortável da relação que tinha acabado de começar. Não é estranho? Eu acredito que relacionar-se é como uma escada infinita, sempre é preciso avançar e avançar e avançar. Mas ele parou. E se no começo já estava assim, fiquei imaginando o depois. E não estava ruim, mas não estava bom pra mim. Então o chamei para uma conversa, ele, que nada tem de bobo, adiantou que aquela situação poderia ser minha TPM, poderia, mas não era. A TPM (minha) apenas potencializa o que eu quero, me dá força, me dá coragem. E eu disse com todas as letras: “eu não sirvo para você, e você não serve pra mim.” Ele sorriu dizendo “você me chamou aqui para dizer isso?”. E isso é muito importante para mim – dizer – como ele não entendeu? Mas por fim nos entendemos, precisei explicar o meu jeito de ver um início de relacionamento, que é muito diferente do dele e ficamos na amizade. Mas não quero a amizade dele, porra. Não quero nada. Eu queria apenas que ele continuasse a subir a escada comigo, mas ele quis parar. O que posso fazer? E acho que fiz bem em falar, estou aprendendo isso na terapia: não guardar nada, não querer que as pessoas adivinhem. Fui lá e falei. E passei o Reveillon comendo bolacha champanhe e assistindo Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. É isso.

“Sou apenas uma garota ferrada procurando por paz de espírito.” frase de Clementine Kruczynski, no filme citado acima.

As razões que a própria sacanagem desconhece

Que todo mundo tem um dia de malandro isso é fato. Todo mundo tem um dia que diz que vai ligar e não liga, que sente vontade de pular a cerca, que mente para o chefe que está passando mal, que come mais do que a fome pede e tudo mais. Somos humanos.

Mas então o que leva a pessoa a se fingir de coitado? A manter nos momentos de brigas um ar de coitadinho? De desentendido? De abandonado? Não gosto disso. Prefiro as pessoas que partem pra cima, que brigam com coragem e dignidade, com força, com garra! Que seja por ciúmes, por loucura, por sacanagem e tudo isso junto, mas por favor, meu amor, não dê um passo que me faça acreditar que o máximo da sua maldade é fingir-se de coitado.

Mais dois bêbados

“Surpreendi-me. Não é que abusava de minha boa vontade? Por que mantinha ele um ar de tão denso mistério? Podia contar seus segredos sem receio de qualquer julgamento. Meu estado de embriaguez me inclinava especialmente à benevolência e além disso, afinal, ele não passava de um estranho qualquer… Por que não falava ele de sua vida com a objetividade com que pedira o copo de chopp ao garçom?
Recusava-me a conceder-lhe o direito de ter uma alma própria, cheia de preconceitos e de amor por si mesmo. Um destroço daqueles, com a inteligência suficiente para saber que era um destroço, não deveria ter claros e escuros, como eu, que podia contar minha vida desde o tempo em que meus avós ainda não se conheciam. Eu possuía o direito de ter pudor e de não me revelar. Era consciente, sabia que ria, que sofria, lera obras sobre o budismo, fariam um epitáfio sobre meu túmulo quando morresse. E embebedava-me não puramente, mas com um objetivo: Eu era alguém.”
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LISPECTOR, Clarice. A bela e a fera.

Filosofia de bar

Conversando com uma amiga de longa data, eis que ela me diz:

Você tem mania de coisificar sentimentos.

eu?

é sim.

(deu um grande gole de wisky e completou)

E também de sentimentalizar coisas.

Explique melhor.

Não consigo.

(outro grande gole de wisky)

Estou com cara de elevador até agora.

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A menina da foto mostra tipicamente o que chamo de “cara de elevador”.

Acontece toda vez que utilizo o elevador sozinha e entra algum desconhecido.

Fico sem saber pra onde olho e procuro, então,

fixar o olhar para o nada.

Como receber um fora sem perder a classe

Você, mulher moderna, cansada desse mundo machista e patriarcal resolve que chegou o momento de se declarar aquele sujeito bobalhão, que usa óculo, tem uma barriguinha de choop e ouve Tears For Fears, mas, que por sabe lá o quê, você resolveu intitulá-lo de ‘o homem da minha vida’.

Já faz algum tempo que vocês se encontram, escondido, é claro. Porque ele tem namorada , é óbvio – mulheres modernas que se prezem precisam de um homem comprometido em suas vidas. Mas, por favor, limitem-se apenas aos homens com namoradas, homens casados são muito complicados. E quando tem filho, então, deusôlivre! Vai por mim, mulher moderna!

E quanto mais tempo de namoro o sujeito tiver, melhor, pois maior será a glória quando ele resolver definitivamente ficar somente com você. (Nesse ponto entra a questão que você será a namorada, e que, logo logo, aparecerá uma outra mulher para roubá-lo de você, assim como você fez um dia. Ou seja: a vida é um ciclo, ou você aprende a se divertir com isso ou se tornará uma velha chata e solteirona.)

E antes que os homens se sintam poderosos é preciso deixar bem claro que mulheres modernas não precisam de muitos sentimentos para trair. Quem cometeu a blasfêmia de dizer que mulher só trai quando tem sentimentos?

Homens, vocês não entendem nada! Mulheres modernas lêem Nelson Rodriguês que sabiamente citou a frase “é preciso trair para não ser traido”. É isso, prestem atenção: se você traiu a sua mulher, contou a ela e a considerou um ser superior por simplesmente ter te perdoado sem fazer qualquer escândalo, cuidado rapaz! É bem capaz dela não ter brigado com você porque transou com seu melhor amigo naquela festa do ano passado. E pelas contas, vocês estão num empate de chifres.

E mais: nós mulheres modernas sabemos que, na verdade, vocês somente se apaixonam pela gente, mas não nos levam a sério porque estamos fazendo algo fora da ordem, num português mais claro e xulo: estamos trepando sem compromisso. Ponto.

Voltando ao assunto principal: você, mulher mega moderna, resolve dizer aquele famoso ‘eu te amo’ para o principe com cara de sapo, mas que mesmo assim você acha que ama. Claro que apenas “acha”, mulheres modernas são impulsivas e adoram meter os pés pelas mãos.

Você, então, já totalmente nua sobre a cama, ele em cima de você, olhando profundamente em seus olhos, mão com mão, pé com pé, beijo na boca e você diz:

“eu amo você”

Ele diz:

“ama mesmo?”

Você afirma com a toda certeza do mundo:

“eu sei que te amo”

Então ele te enche de beijos por aproximadamente 5 minutos e diz:

“você é linda”

Nessa hora, minha amiga, respira fundo, mas sem ele perceber o seu desapontamento, faz cara de blasé e concentre-se nos defeitos do rapaz. Continue lá brincando de momento feliz, mas perceba que por trás do homem da sua vida existe um homem medroso, que não tem coragem de viver uma grande aventura como num cinema. Que ele não será capaz de dançar com você na chuva, tampouco te levará aquele restaurante francês. E o mais importante de tudo: ele é um idiota que está traindo uma pessoa legal. Sim, você já parou pra pensar que a outra mulher da vida dele é uma pessoa legal? Tenha certeza que é. Tenha certeza que ela poderia ser sua melhor amiga, sua irmã, sua mãe. Tenha certeza que por mais moderna que seja sua vida tem algo fundamental na vida: respeito ao próximo! Portanto, se ele não tem com ela algum tipo de relacionamento aberto – aquele que o casal pode pular a cerca com o consentimento do outro – ele não serve para você, ele não é o homem da sua vida, nem dela! Porque ele finge que está tudo bem, vive uma vida dupla, quanto na verdade a vida dele é um mentira em função de seu desejo sexual descontrolado, praticamente um animal selvagem.

Agora você já estará arrependida do “eu te amo” que acabou de dizer.

Agora você olha pra ele e o vê como um homem comum.

Pronto, você saiu bem do grande fora da sua vida, pronta para outro e outros e outros. Sim, mas cuidado. Não esqueça que a vida é um clico repetitivo e a chance disso acontecer novamente não deve ser descartada.

Ok. O importante é viver intensamente e não se arrependa de coisas que você não fez. Se jogue sempre!

(Ah, claro, você tem o total direito de chorar por três noites seguidas, mas se passar disso, liga pra ele e marque mais um encontro só pra matar a saudade, mas agora sem declarações estúpidas de amor, por favor.)

Emerson Nogueira – o homem que copiava

Alguns meses atrás um amigo meu começou a falar das músicas do Emerson Nogueira, que ele já tinha ido ao show e que o cara era fera.

Eu nunca tinha ouvido falar desse cidadão – o tal Emerson Nogueira.

“Quem é esse cara? Que tipo de música ele toca?

Na mesma hora esse meu amigo colocou um CD das músicas do que ele considera ‘o cara’. Começou a tocar “The Logical Song”.

“Hey, mas isso é Supertramp. O Cara faz cover, é isso?

“Você chama isso de Cover? Olha que coisa linda, Lia!

“Mas ele só está copiando uma música que já existe.”

“Não, Lia, você precisa ouvir melhor.”

“ok”

Ontem cumpri a tarefa de ouvir Emerson Nogueira com mais cuidado. E como minha primeira impressão não costuma falhar, não vi graça nenhuma nesse cara. O som é fraco, a voz dele é fraca e me irrita profundamente ver uma pessoa fazendo sucesso com músicas alheias, isso não é arte! Ele é apenas um mero copiador de músicas boas. E como músicas boas são sempre músicas boas até numa sessão de Videokê ficou fácil demais pra ele.

Lendo alguns artigos sobre ele descobri que muitos concordam comigo, outros o acham fenomenal, fantástico. Não! Não pode ser! Fenomenal e fantástico são as bandas que realmente CRIARAM as músicas que ele canta. Ele não é fantástico!

E, pra completar, o cara caiu nas graças da Sony que bancou todo o projeto do DVD dele. Sorte, meu caro, sorte! Enquanto músicos de verdade – CRIADORES DE ARTE sofrem por um pequeno espaço no cenário musical. (Isto é Brasil!)

Talvez seja culpa da falta de conhecimento musical dos adoradores de Emerson Nogueira. Que, talvez, nunca tenham ouvido os grandes clássicos em suas versões originais.

Nada de cópias, gente! Original é sempre original!

Comparem e me digam que não estou cometendo uma blasfêmia:

Logical Song na versão original – Banda Supertramp:

Logical Song na versão do Emerson Nogueira:

As patricinhas de ‘Sex in the city’

Concordo inteiramente com essa matéria da revista TPM sobre o seriado Sex in the city:

Chega de sex

As personagens do Sex and the City são engraçadas e servem de cabide para os grandes estilistas. Mas elas representam o que a cidade tem de pior: as patricinhas
Por Tania Menai

No último mês passamos por uma enxurrada de Sex and the City. Mas tudo que é demais não é bom. Até mesmo a revista semanal Time Out, a bíblia da programação na cidade, trouxe na capa as quatro moças com um silver tape na boca e o título: “Sem sexo – nós as amamos, mas já deu! Eis um guia de lugares para não toparmos com a Carrie”. Verdade seja dita: as personagens são engraçadas e algumas sacadas são hilárias. Só que as moças representam o que Nova York tem de pior: as patricinhas. Sim, elas existem, apesar de não serem a maioria. Mas num safári antropológico pela avenida Madison ou pelo Meatpacking District você poderá avistar várias. É um mundo à parte, que tem nome definido: “the ladies who lunch”. Sim, as mulheres que têm tempo de almoçar por longas horas com as amigas.

Mulher, mulheres

No entanto, quem se aventura a morar em Nova York, em sua maioria, vem em busca da diversidade de pensamentos, profissões, culturas. Você esbarra com jovens líderes de ONGs, músicos da Julliard School, médicos renomados, roteiristas de documentários e gente das Nações Unidas que já viveu nos confins do Congo. Nessa lista incluem-se mulheres, muitas mulheres. São pessoas instigantes, cultas, descoladas. Então, depois de conviver com todo esse povo, será que algum nova-iorquino da gema teria paciência de trocar um dedo de prosa com mulherzinhas que reclamam do salto alto? Acho que a resposta em coro por aqui seria: “No way”.

Claro que Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda nos divertem, apesar da repetitividade – e claro que todo mundo tem um lado mulherzinha (eu, por exemplo, já não sei mais viver sem a loja de design do MoMA). Mas é uma pena ver que elas são idolatradas. E idolatrar é algo perigoso. Principalmente se tratando do mundo vazio da imagem e do consumo que elas representam. Afinal, o que fazem elas de tão extraordinário além de reclamar de homens, consumir cifras exorbitantes e transar com a cidade toda? Comparadas ao resto das mulheres de Nova York… nada.

Imatura Incógnita

E se eu pensar que estou de antemão a correr por aquilo que considero intocável, se na verdade todos os meus passos que penso ser distante, na verdade continuam levando até você?

E quando digo você, não sei se digo a você mesmo, esse você talvez seja uma incógnita, ou melhor, uma constante como de um problema matemático.

E quem disse que a vida não se resume a um problema matemático? Sabe aquela constante que você sempre se apega quando precisa de respostas? É assim que funciona, assim que é, cada um com a sua constante para trazer ou levar de volta.

Talvez minha constante seja você, não unicamente você, ter você, ver você. É uma constante complexa que preciso manter viva, mais ou menos assim: amo você, sem você me amar, esta é minha constante, se diferente for, morro. Se diferente me tornar, esvazio-me.